Idade ou data de nascimento no currículo

Idade ou data de nascimento no currículo

Indicar a data de nascimento ou idade no currículo dificilmente é necessário - muito menos, obrigatório. É comum encontrar esse campo como padrão em modelos de currículo disponíveis na internet, mas essa é uma prática cada vez menos exigida. Afinal, a menção à idade, durante uma seleção de emprego, tem levantado questões delicadas sobre preconceito no mercado de trabalho.

Neste artigo, abordamos em detalhes a possibilidade de incluir a idade ou a data de nascimento no currículo. Procuramos destacar as implicações dessa decisão e algumas situações mais específicas que geram dúvidas nos candidatos.

Devo por minha idade no currículo?

As principais motivações de um candidato, ao pensar em omitir a idade em um currículo, são duas: considerar-se muito jovem ou muito velho para a vaga. Obviamente, o medo do candidato é que, por algum motivo, a idade reduza suas chances de conseguir o emprego. Então, esconder a informação parece a solução mais adequada. E esse pensamento está correto! Não há por que incluir no currículo algo que possa sabotar a própria candidatura.

Por outro lado, não colocar idade no currículo ainda não parece natural para muitos candidatos. Afinal, essa foi uma informação padrão em currículos há até bem pouco tempo. Ou seja, o candidato pensa que a ausência da informação será percebida e pode até ser entendida como um erro ou deslealdade de sua parte. No entanto, há pelo menos dois argumentos para tranquilizar quem sente essa insegurança:

  • A sua idade pode ser presumida a partir de outras informações em seu currículo
  • A inclusão da idade estimula uma péssima prática no mercado de trabalho

Com efeito, ao incluir informações como o ano em que você completou um grau de ensino ou o período de tempo em que trabalho em determinada empresa, você já está indicando, de forma indireta, a sua idade. Na verdade, você está traduzindo essa informação por meio de elementos mais relevantes em uma seleção de emprego: sua experiência profissional e suas qualificações.

Por outro lado, não deve ser exigido de você o fornecimento de uma informação que dê a oportunidade, ao recrutador, de discriminá-lo por idade. Apesar de a discriminação por idade ainda ser vista, muitas vezes, como algo natural e justificado, isso não poderia ser menos verdadeiro. Na verdade, essa prática tem efeitos danosos dos pontos de vista social e econômico, e as empresas modernas têm se conscientizado cada vez mais disso.

O que diz a lei

Em muitos países, informar a idade, a data de nascimento, o estado civil ou a nacionalidade no currículo não é algo comum, pois pode encorajar o preconceito no mercado de trabalho. Exemplos disso são os Estados Unidos, a Austrália, a Grã-Bretanha e o Canadá. Nesses países, o profissional não precisa colocar idade no currículo, a não ser em casos muito específicos - como programas de inclusão de determinadas faixas etárias no mercado profissional.

Em muitos países, há leis específicas com o objetivo de coibir a seleção e o tratamento desigual com base em características pessoais. Isso inclui, além das características mencionadas acima (idade, estado civil e nacionalidade), muitas outras, como: religião, crenças, opinião política, raça, gênero ou orientação sexual.

No Brasil, a prática de discriminação de empregados ou candidatos a vagas de emprego por características pessoais, como cor, gênero e idade, é vedada pela Justiça do Trabalho, tendo como base a CLT, diversas leis esparsas e até mesmo a Constituicão Federal. A recusa de um candidato só está autorizada, então, se tiver como base as exigências técnicas da função.

No entanto, essa não é uma questão simples de fiscalizar, já que é difícil comprovar o que levou uma empresa a desconsiderar o currículo de um candidato. Portanto, os candidatos normalmente se veem em uma situação delicada ao enfrentar essa questão. Em uma situação como essa, a pergunta "devo colocar idade no currículo?" ainda é muito válida.

Rótulos e como lidar com eles

A discriminação por idade está relacionada a estereótipos que existem sobre profissionais considerados muito jovens ou velhos demais para uma função ou atividade. Os jovens costumam ser rotulados como inexperientes, preguiçosos, impulsivos, mas também flexíveis e atualizados. Já os idosos costumam ser vistos como experientes, maduros e atenciosos, mas também pouco dinâmicos, muito caros, inflexíveis e desatualizados profissionalmente.

Obviamente, estereótipos como esses não necessariamente traduzem a realidade.

No entanto, em uma seleção de emprego, muitos recrutadores tendem a avaliar os candidatos por meio de visões gerais e senso comum. Se você estiver na meia-idade e se candidatar a uma vaga cuja descrição menciona a procura por um funcionário "experiente" ou "sênior", certamente não terá problemas. Pode até ser positivo mencionar a idade ou a data de nascimento no currículo.

O mesmo se aplica à situação inversa: um profissional jovem que se candidata a uma vaga cuja descrição deixa clara a procura por um profissional "dinâmico" ou "júnior". Não há por que omitir a idade, nesse caso.

Caso as condições não sejam as ideais, no entanto, sua estratégia deve ser outra. O ideal é evitar mencionar sua idade e incluir, em seu currículo, bons argumentos a seu favor. Pegue o exemplo de um candidato mais experiente concorrendo a uma vaga para uma função "dinâmica". Nessa situação, o ideal é valorizar, no currículo, cursos realizados ou descrições de trabalhos recentes que mostrem o quanto você está atualizado e motivado profissionalmente.

Discriminação positiva

Empregadores e recrutadores geralmente querem saber sua idade e gostariam de ver ela informada em seu currículo. Em muitos casos, felizmente, isso pode se dar por motivos nobres. Encurtando a história, existem situações em que a menção da sua idade pode levar a uma discriminação positiva. Um empregador pode dar preferência a candidatos de uma determinada faixa etária como forma de valorizar algumas características suas, sem que isso signifique uma desvalorização da faixa etária considerada inversa a ela. Mais que uma ação inclusiva, essa prática pode ser vista como um benefício à própria empresa.

Um exemplo comum, nesse sentido, são os programas de trainee. Sua origem está na percepção, de muitas empresas grandes, de que elas podem se beneficiar ao ter profissionais mais jovem ocupando algumas posições de liderança. Dessa forma, conseguem ter um equilíbrio maior em sua gestão, já que os cargos mais altos são tradicionalmente ocupados por profissionais mais experientes.

Outro exemplo é o de startups de tecnologia que procuram profissionais de nível sênior para compor ou liderar suas equipes, que costumam ter uma maioria de colaboradores mais jovens. Ao procurar profissionais mais experientes, essas empresas não estão reproduzindo uma discriminação sistêmica, mas sim tornando suas equipes mais diversas e maduras.

Fique atento(a)

Você nunca poderá esconder completamente a sua idade. Ela sempre poderá ser deduzida por outras informações que estarão presentes, obrigatoriamente, em seu currículo. Além disso, caso o recrutador vá atrás, terá grandes chances de descobrir mais a seu respeito em redes sociais, por exemplo. Por fim, se você for selecionado para uma entrevista, tudo ficará mais claro ainda. Então, evite fazer da sua idade a questão central em um processo seletivo. Valorize seus pontos fortes e esteja sempre pronto(a) para tratar de sua idade com naturalidade e confiança.

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